Cerca de um milhão de estudantes da rede estadual voltaram às aulas ontem (10), após 49 dias letivos de greve dos professores. Os alunos comemoraram o reinício das aulas e o reencontro com amigos e professores.
Na Escola Estadual Dom Pedro II, no bairro Seminário, em Curitiba, todos os 700 estudantes compareceram às aulas pela manhã, mas alguns ainda vão levar uns dias para se readaptar aos horários.
“Eu estava acordando bem tarde, não tinha horário para levantar. Agora preciso estar no colégio às 7h10. Foi uma mudança bem drástica, mas a gente se acostuma. A volta às aulas foi bem legal”, disse a aluna Fernanda Calegari, 13 anos, do 9º do Dom Pedro II.
A diretora da Escola Estadual Dom Pedro II, Ruthi Mara Trentin Moraes, também comemorou a volta às aulas. “Graças a Deus voltamos hoje, os alunos estão todos aqui. As famílias ficaram muito contentes ontem quando começamos a ligar comunicando todos os pais sobre o retorno das aulas. Os alunos estavam muito ansiosos pela volta, falaram que estavam cansados de ficar em casa”, explicou a diretora.
No Colégio Estadual Yvone Pimentel, no Novo Mundo, também na capital, a expectativa para a volta às aulas também era grande. “Os alunos estavam saturados, a greve foi muito desgastante para todos. Temos um compromisso com os educandos e eles não têm muitos hábitos de estudos. É na escola, no dia a dia do colégio, que os alunos têm a rotina de estudos. Hoje às 7 horas da manhã estavam todos aqui, ninguém se atrasou”, explicou a diretora Adriana Kampa.
O estudante Rodrigo Turra, de 16 anos, está no 2.º ano no Colégio Yvone Pimentel. Ele estava preocupado com a sequência dos estudos, para que não tivesse o futuro comprometido. “Estava sentindo falta de vir para a escola, quero terminar o ensino médio e fazer uma faculdade. Quanto mais tempo parado, pior para os alunos. Tentei estudar em casa, mas não deu muito certo. O professor está na sala para te ajudar, te dar um apoio para você responder questões que não entende”, afirmou.
Evelin Lima, 16, do 3.º ano, também estava preocupada com o vestibular. “Eu que sou do terceiro ano preciso muito das aulas, quero passar na Universidade Federal do Paraná. Estudar sozinho é difícil porque tem coisas que não entendemos, precisamos da explicação dos professores”, disse Evelin.
REPOSIÇÃO - As escolas voltaram a abrir as portas, após a paralisação dos professores, que durou 29 dias letivos (44 dias corridos). As duas greves do ano geraram uma perda de 49 dias letivos aos estudantes.
Cada unidade da rede de ensino está preparando um calendário de reposição das aulas. Muitos estabelecimentos de ensino não ficaram parados durante toda a greve e terão menos dias para repor. A data limite para as escolas encaminharem seus calendários é 19 de junho. Os novos calendários escolares serão homologados pelos Núcleos Regionais de Educação.
Para a diretora Adriana Kampa, do Yvone Pimentel, a continuidade dos estudos ao longo do ano será tranquila. O colégio está fazendo uma proposta de reposição e já realizou reuniões com a comunidade para discutir o assunto.
“Acredito que a reposição tenha que ser qualitativa e não apenas quantitativa. Temos a preocupação de repor toda a carga horária para os alunos. A nossa proposta é de reposição com seis aulas diárias, para não onerar os pais e pra que você realmente tenha a presença dos alunos”, explicou a diretora Adriana.
Na Escola Dom Pedro II, a diretora Ruthi Moraes afirma que todos terão muito trabalho pela frente. “Acreditamos que vai dar tempo sim de repor todo o conteúdo. Também contamos com a colaboração dos pais, para que enviem os filhos para a escola. Na semana que vem vamos fazer uma reunião com os pais falando sobre a importância da reposição, para que os alunos não saiam prejudicados”, definiu a diretora.